Freight: Critical and Strategic Success Factor for eCommerce

Frete e transportadoras talvez sejam dois termos que todos nós fomos bombardeados após a impactante greve dos caminhoneiros nos dez dias que pararam o Brasil em maio de 2018. Mas, para quem trabalha com eCommerce, esse assunto deve ser tratado com muita precaução e análise na concepção de projetos para esse canal de vendas, assim como em sua gestão operacional.

O Brasil, como todos sabem, é majoritariamente um país de transporte por rodovias. O eCommerce, que cresceu 12,1% no primeiro semestre de 2018, faturando R$ 23,6 bilhões nesse período, tem uma alta concentração desse faturamento nas regiões Sul e Sudeste, com cerca de 78,1% deste valor. Portanto, poderíamos imaginar que de modo geral boa parte da entrega do nosso eCommerce seria coberto por rodovias regulares ou boas e pela grande presença da frota de caminhões do país, ou seja, alta oferta. Porém, não é somente pela disponibilidade de frete que devemos analisar esse cenário.

Nos EUA, por exemplo, o frete é modal e utiliza vários meios de transporte para fazer uma entrega: caminhão, trem, avião, VUC (veículos urbanos de carga), bicicleta e hoje já está disponível, não em testes, mas disponível mesmo, a entrega por robôs no Vale do Silício (matéria de Bruno Ferrari no caderno Link do Estadão, é só jogar no Google). Aqui no Brasil, nos maiores centros urbanos, já existe novas modalidades de entrega como o Loggi e Rappi, mas ainda não podemos considerar como transporte modal por se tratar de etapa única na entrega.

O quê levar em consideração então na escolha da estrutura logística que irá nos atender? Em primeiro lugar considerar que somente os Correios chegam aos 5.561 municípios do país. Sendo assim, em termos de cobertura numérica, é inevitável o uso dos Correios, porém não necessariamente as empresas têm um contrato direto com essa empresa. As maiores transportadoras do país utilizam o redespacho dos Correios para complementar sua cobertura, ou seja, quando não atendem determinada área ou região, despacham o pedido original, que saiu através delas, pelos Correios. O que torna aquele determinada entrega mais cara.

O ideal de modo geral é que a empresa tenha o contrato com uma transportadora de porte razoável ou grande e um contrato com os Correios. Porém, em ambos os casos, existe cota mínima mensal e retirada com número mínimo de pedidos. A variação entre esses requisitos pode ser grande, assim como as tabelas de frete.

Se a demanda do seu eCommerce atende os dois requisitos, a questão da escolha não fugirá muito desse cenário. Caso contrário, você terá que definir um dia semanal para a retirada dos pedidos acumulados ou levá-los a uma agência dos Correios com uma frequência maior a essa.

 

Existe ainda a possibilidade de utilizar de um Operador Logístico, desses que têm um Centro de Distribuição compartilhado, onde sua empresa terá uma filial logística para alocação do estoque e emissão de notas fiscais. Além de contratos com diversas transportadoras, incluindo os Correios, todo trabalho de manuseio, do recebimento de estoque à expedição, fica por conta desse operador. Assim como a escolha da transportadora, esse modelo operacional deve passar por análises e avaliações, mas existe muitas vantagens além da solução do frete, como mão de obra de manuseio e gestão de estoque, mas este é um ooooutro assunto.

Na questão de frete, hoje surgem também consolidadores para o serviço de frete, caso da Mandaê (www.mandae.com.br) que está presente, por enquanto, em todo o estado de São Paulo (“dependendo do volume” definido por eles mesmos).

Para finalizar, existe também a questão de integração de sistemas para rastreio dos pedidos e reintegração de logística reversa, que nunca deve ser negligenciada, pois a dinâmica do eCommerce depende de informação e a satisfação do consumidor em saber o status do seu pedido ou o reembolso da sua compra. Procure por plataformas de eCommerce, ERP, WMS e transportadoras que ofereçam integrações viáveis. Procure saber também como se integra a tabela de frete das transportadoras a seu eCommerce, para que haja uma rápida integração e atualizações automatizadas.

Enquanto os robôs delivery não chegam por aqui, existe muita coisa antes a ser feito em transporte modal no Brasil, pois “sem caminhão, o eCommerce para”, …por enquanto!!!

 

Por Amilcar Molinari, Consultor Omnichannel da DirectBiz e especializado em eCommerce e no Varejo.